21 maio 2019

Minha Família:

Éramos sete em...

MINHA  F A M Í L I A:









Waldemar Teixeira (ì05/5/1928 +11/01/2012) & Maria Adair de Abreu Teixeira (ì26/5/1939 16/7/2009) (meus pais).
Filhos: João Angelo Teixeira (ì22/02/1960) casado com Rejane Amador (ì22/10/1964) e Beatriz Maria Teixeira (ì19/10/1967) casada com Vicente de Paula Guerra (ì13/5/1963).
Neto: João Vicente Teixeira Guerra (ì09/6/2004).

              Se fosse detalhar sobre minha família, daria um outro livro, mas gostaria de deixar aqui registrado, alguns fatos (já que este trabalho tem o título - “Memórias Genealógicas” - cada dia, com novos dados, vou atualizando os relatos).




Meu pai: WALDEMAR  MARTIGNONI  TEIXEIRA (ì05/5/1928 + 11/01/2012):
                                                        

              Waldemar, homem forte mentalmente, de fibra, honesto, religioso, uma pessoa amável (todos dizem) e acima de tudo humilde; um fato musical que ilustra isto aconteceu há muitos anos, quando estava regendo o Coral Santa Cecília na Catedral de São João Batista em Nova Friburgo e num determinado dia, um novo cantor {tenor} entrou para o citado Coral; chamava-se Raul Gomes de Almeida. Vindo do Rio de Janeiro, Raul participou de vários ensaios neste Coral Santa Cecília sob a regência de Waldemar. Um dia “numa conversa” entre os dois, Waldemar descobriu que Raul além de tenor era maestro com formação superior à dele e não havia dito nada. A partir deste dia, Waldemar trocou de lugar com Raul, entregou a regência do Coral para ele e passou para seu lugar como tenor.
              Acabaram se tornando grandes amigos, dividindo as regências do mesmo Coral em apresentações distintas. Mais tarde tornaram-se “compadres”, pois, num gesto de “retribuição”, Raul fizera questão que Waldemar fosse padrinho de sua primeira e adorável filha (Miriam), a qual adora até hoje seu padrinho Waldemar. Lembro-me que algumas horas antes de papai ser operado aos 81 anos, para colocação de “pinos/parafusos” na fratura que teve no fêmur em 15/6/2009, Miriam estava ao seu lado no Hospital Unimed, segurando e acariciando sua mão, transmitindo muita força e fé para ele, o que logicamente prova o carinho de ambos.
              Waldemar passou uma infância difícil; havia “perdido” seu pai Antônio com mais ou menos três anos de idade. Sua mãe Leonor, então viúva, com sacrifício (lavava roupas e trabalhava no antigo Hotel Cassino), fez o papel de mãe e pai dele e de seus outros quatro irmãos mais velhos, já que ele era o caçula. Leonor mantinha alguns coelhos (uns oito animais, segundo papai) no quintal, e conforme a ninhada crescia, abatia um coelho como parte da alimentação da família. Papai (Waldemar) me contou em 16/12/2009 que todos os dias de sua infância, pegava labaça na beira do Rio Bengalas para alimentar estes coelhos. Nesse mesmo Rio Bengalas atrás da casa deles, meu pai, os irmãos (especificamente Huber) e os primos (Fernando Eduardo, José Gonçalves, Paulo, etc..) nadavam e as vezes pegavam alguns peixes.
               Apesar das dificuldades daquela época de infância e adolescência, Waldemar também teve, logicamente, alegrias, lembranças boas e divertidas com seus irmãos e primos. Um episódio que ilustra esse fato me foi narrado pelo primo dele José Gonçalvez Moreira em Julho de 2017, numa conversa por celular, onde dizia ele que minha avó Leonor Martignoni, servia o jantar para eles (José, Waldemar e o irmão Huber) e no final a sobremesa (goiabada) e eles três, aprontavam uma “gracinha” – Waldemar dizia: “esta goiabada está torta, vou acertar...” e tirava uma fatia; aí o Huber dizia: “continua torto...” e cortava outra fatia; o José continuava o esquema, cortando as fatias da sobremesa... Nesse instante a Leonor “gritava” para eles: “chega de cortar...” e tirava a goiabada da mesa. 
              Waldemar ainda criança vendeu pipocas na rua; foi chefe de semáforo dos escoteiros; foi alfaiate (durante 16 anos); trabalhou na Cadima Materiais de Construção (durante 30 anos) e trabalhou em nossa lojinha (Biangelu’s) até meados de 2009 quando fraturou o fêmur, em seguida ficou viúvo e em sequência com falhas de memória (tudo no mesmo ano). Era um dos mais antigos membros da A.C.J.F. (Associação Católica da Juventude Friburguense), onde recebeu o título de associado mais antigo (50 anos), vendo o reconhecimento de todos os demais integrantes desta entidade, onde também foi Regente do Coral da A.C.J.F. e Secretário da mesma em 1978 (conforme publicado no Jornal O Globo pág. 8 Estado do Rio de 5ª-feira 02/11/1978 – foto abaixo):


              Estudou italiano (aluno de dona Pia) e música. Era tenor e cantou em vários recitais (Teatro Municipal quando solteiro); foi regente dos Corais: Sta Cecília da Catedral de São João Batista; do Coral da Igreja São Francisco de Assis; do Coral da A.C.J.F. Esta vocação musical e de regência talvez fosse hereditária, uma vez que seu avô Elviro Ernesto Martignoni e seu bisavô Alberto Martignoni foram também maestros das bandas: Campesina e Euterpe Friburguense.
              Waldemar compôs sua própria “Ave-Maria” para o seu casamento em 27/12/1958.  A mesma Ave-Maria ele cantou novamente em 1992 no casamento de sua sobrinha Maria Inês de Abreu com Fernando Lobato e novamente no meu casamento com Rejane Amador em 10/7/2004. Cantou juntamente com seu filho a “Ave-Maria” no casamento de sua filha Beatriz Maria Teixeira (Bia) com Vicente de Paula Guerra, emocionando bastante todos os presentes na Capela do Colégio Anchieta. O mesmo fez nas bodas de ouro de seu irmão Huber Teixeira e sua cunhada Orchidéia em 2003 na Igreja São Francisco de Assis; também nas bodas de ouro do Prof Cícero S. Monnerat e a esposa Natália em 28/6/2003 na Capela do CNSD.
        Em Janeiro de 1965 papai (Waldemar) foi convidado pelo professor Odner Ribamar Teixeira [*21/3/1914 +21/11/1991] (pai de seu grande amigo e "irmão" Descartes de Souza Teixeira) para cantar em Cantagalo/RJ, por ocasião da Semana Euclideana por ele (Odner) organizada, juntamente com a soprano Wanda Simões.
              Ele participava da Comissão Julgadora de Vozes dos Alunos da Academia San Remo a convite da Profa Yara Vassallo. Numa das Audições Musicais da Academia de Artes San Remo no Palco do Antigo Cinema Marabá (hoje extinto), Waldemar recebeu uma Medalha de Honra da UBT-NF (União Brasileira dos Trovadores) das mãos do então representante da UBT Sr. Rodolfo Abbud, por sua belíssima apresentação como solista do Coral da Academia San Remo, cuja regência era da Profa Yara Vassallo e apresentação das músicas do Coral por João Angelo (eu também recebi neste mesmo dia uma Medalha da UBT do Sr. Rodolfo). Neste mesmo ano o Coral San Remo participou das gravações da TV SBTRio e São Paulo – no “Programa Cidade contra Cidade”, onde inclusive tivemos uma bela apresentação do nosso amigo Eduardo Diniz Werner fazendo um solo de trompete.
              Papai levava-me (desde pequeno) com ele a todos os ensaios dos corais. Foi assim que aprendi a cantar, sendo tenor também. Uma vez fomos juntos assistir “Rigoletto” no Teatro Municipal do Rio a convite de dois de seus amigos, Prof Cavalcante e o Tenor Constante Mouret (na época este era tenor do próprio teatro citado... e assistimos de seu camarote). Papai não só me ensinou a cantar, como também a andar de bicicleta, a dirigir carros, a nadar. Por falar em nadar, quase todos os meus primos também aprenderam a nadar com papai. Em um dos meus aniversários (22 de Fevereiro) ensinando a algumas pessoas a nadar na SEF, quebrou o nariz no fundo da piscina (a água estava em nível mais baixo no dia) depois de um salto de cabeça. Foi atropelado por uma carreta de cimento, em cima da calçada, saindo da antiga casa do tio Huber. Em 14/10/1999 foi assaltado em nossa loja, apanhou e teve seu rosto cortado pelos marginais e incrivelmente por todos estes fatos relatados, provava ser um homem forte e corajoso (fatos que me invejam), e sua fé aumentava sempre! Com isto me ensinou muito, também à minha irmã (Bia).
              Waldemar desde 21/5/1957 foi membro (matrícula no 0018) do Sindicato dos Empregados no Comércio de Nova Friburgo (que na época funcionava na rua Major Augusto Marques Braga, 4 – salas 2 e 3 – Ed. D. João VI – tel. daquela época era 22-4145). Mais tarde foi eleito vice-presidente deste Sindicato com mandato de 12/9/1985 à 12/9/1988.
              Voltando no tempo, lembro-me que meu pai me levava sentado numa cadeirinha verde de sua bicicleta (não tínhamos carro) para passear no Suspiro, onde havia um lago enorme, e que eu, andando pela beirada, caí e fui ao fundo, no meio de sapos e peixes; fui afundando (esta imagem é nítida em minha memória até hoje), e logicamente meu pai me retirou do lago. Foi assustador, mas engraçado, além da bronca de minha mãe Adair ao chegar a casa. Nesta mesma bicicleta, meu pai também me levava ao Country Clube (parque São Clemente na época) para eu brincar com minhas forminhas de bichinhos na terra, próxima ao lago. Sempre tive ótima audição (minha mãe sempre dizia isto...) e sei deste fato, pois quando morávamos na avenida ao lado da SEF, sabia (por audição) quando meu pai estava chegando do trabalho; numa distância incrível conseguia ouvir a corrente da bicicleta com as pedaladas de meu pai, “anunciando” sua chegada.
              Num Domingo (13/8/2000 - dia dos Pais) almoçamos juntos (papai, mamãe, Bia e eu) na casa dos meus pais e tivemos a presença da pequena e divertida Liz (filha da prima Inês) alegrando o ambiente. Nesta mesma data, à noite, depois da missa dos pais, papai nos trouxe uma mensagem (oração) da igreja e me entregou dizendo: - “leia isto”! E quando fui lendo a linda oração, percebi (creio) que era tudo o que ele sempre queria me dizer, ou também a Bia?!  
              O contexto desta mensagem dizia o que sempre compartilhamos dentro de nossa casa em família, e mais ainda: o muito que tenho que aprender com as lições deixadas por meu pai em sua experiência de mais de oitenta e três anos de vida. Ele fez desta mensagem um presente para mim naquele dia dos pais do ano 2000, ou seja, fui eu quem ganhou o “presente” do meu pai.
              A oração (que reli emocionado para todos os convidados para a festinha de 80 anos de Waldemar em 04/5/2008, retribuindo-o no gesto que ele fez a mim, foi também a 1a leitura da missa das Bodas de Ouro dos meus pais em 27/12/2008) dizia: “Senhor Deus, agradeço-vos pelo pai que me destes (Waldemar), este herói que admiro em meu coração. Faça que o ame sempre mais e que ele se sinta amado. Aumentai-lhe as alegrias e não permitais que eu seja um peso para ele. Ajudai-me a adivinhar suas horas de cansaço e preocupações, para que possa servir-lhe de “Cirineu”. Não deixeis que os desenganos o abatam ou o desânimo o domine. Ajudai-o a enfrentar, com renovada coragem, suas responsabilidades, e a se desincumbir delas do melhor modo possível. Que ele seja firme e severo, quando necessário, sem deixar de ser bom. Que ele não se perca na impaciência, mas saiba perdoar minhas fraquezas. Que eu não repare seus defeitos, mas suas qualidades; e que eu saiba não só admirar seus bons exemplos, mas também imitá-los. Conservai-o no Vosso amor. E que nossa família, vivendo agora unida, sob os seus cuidados e as vossas bênçãos, possa também viver unida no céu, para cantar o Vosso nome, ó Pai dos pais.” Tento todos os dias aprender esta lição de Vida que era o simples e raro Waldemar (meu pai).  
              No primeiro aniversário de casamento de Bia e Vicente (11/3/2001) papai (em nome dele, mamãe e eu) escreveu num cartão para eles, o seguinte verso:
“Na oportunidade desse ensejo
meus filhos Vicente e Beatriz
é tão grande o nosso desejo
que tenham sempre uma vida feliz.”
              Em 13/12/2001, depois de vários dias com dores na perna esquerda, papai descobriu (por exames) um entupimento em dois pontos numa de suas artérias, o que o levaria a uma cirurgia; passou a andar diariamente para evitar a cirurgia por instrução de um médico em Niterói, onde Bia e eu o levamos para avaliar o caso. Novamente ele nos demonstrava sua convicção de ser forte, superando de maneira exemplar e nos dando força (outra vez me sentia pequeno diante dele!). Em 15/6/2009, papai sofreu uma grave fratura no fêmur esquerdo, precisando de cirurgia de emergência, colocação de pinos e uma longa recuperação no hospital e posteriormente em casa, com acompanhantes, enfermeiros e nós da família, já que tudo tinha de ser feito sobre a cama, cadeira de rodas, etc... um verdadeiro hospital dentro da casa dele. E neste período ele apresentava bastante falha de memória recente (mistura da idade com trauma do sofrimento físico da operação e espiritual com a perda da esposa um mês depois – em 16/7/2009), embora a memória antiga fosse perfeita. A confusão mental de papai acentuou-se muito em Dezembro de 2009 (cinco meses posteriores ao falecimento de minha mãe – Maria Adair), mesmo com acompanhamento médico e medicamentos para a memória, ele esquecia todos os dias da morte de mamãe e queria ir trabalhar na Cadima (que já não existia mais...) o que para ele era real. Com oito meses posteriores ao falecimento de sua esposa, ininterruptamente perguntava (todos os dias) onde ela estava. Criou um “bloqueio” mental quanto a este fato; um exemplo disto, foi o fato de ter ido procurá-la no cemitério, do dia 19/3/2010, quando esteve na capela do São João Batista, verificando os mortos que lá estavam. Nos deu trabalho convencê-lo do contrário. E assim foi até os seus últimos dias em Nova Friburgo conosco.





          
Minha mãe: MARIA ADAIR DE ABREU TEIXEIRA (ì26/5/1939 16/7/2009):
(veja páginas 12 e 18 também na Genealogia ).
          

              Adair passou maus momentos, depois de um corte na perna, na enchente de 1996, onde abriu uma ferida de difícil cura até o final de sua vida. Desesperou-se muito, mas graças a Deus, à fé e o companheirismo de meu pai, além dos cuidados sábios e delicados de Beatriz como enfermeira diária e incansável, mamãe teve um quadro estável. Por falar em enchentes, cito aqui algumas trágicas coincidências sobre elas (de 1996 até 2005): enchente na noite de Natal (24 para 25 de Dezembro de 1996), dia em que mamãe se cortou (na perna) dentro da água, tentando me ajudar com os objetos de nossa lojinha Biangelu’s; enchente na noite do réveillon de 1999 para 2000 (31/12/1999); princípio de enchente em 27/12/2000 (dia do aniversário de casamento de meus pais, iríamos comemorar, mas novamente foi aquele corre-corre levantando os objetos de nossa lojinha) e as duas últimas enchentes (num pequeno intervalo de tempo) em 18/01/2005 e 04/02/2005 (na sexta-feira de carnaval) e esta última nos deu trabalho. Mamãe não chegou a presenciar (“graças a Deus”) a catástrofe da “Tsunami Celestial” em 11/01/2011 sobre Friburgo, foi a pior enchente de todos os tempos em nossa cidade.
              Gostaria que mamãe tivesse voltado a ser forte intimamente, como sempre fora, batalhadora, super protetora de nós todos de casa, nos defendendo até quando estávamos errados. Mulher de fibra e guerreira impunha sempre seus desejos e vontades sobre nós, na garra ou até nos dobrando com seu jeitinho. Era super legal, exagerando nos presentes que sempre me deu e na comida que fazia e nos mandava (para minha esposa e eu nos deliciarmos com sua culinária...) quase toda semana até seus últimos dias por aqui. Mesmo depois que me casei, ela ainda mandava a “feira” que fazia semanalmente como “presente” para minha esposa (Rejane) e eu. Cozinhava extremamente bem (foi assim que ela “pegou” meu pai – com um pavê que fez...) fato que herdou de minha avó Eurísia (a boa gastronomia). Assistia aos programas gastronômicos da apresentadora Ana Maria Braga na TV Globo, gravados em 2001 pelo meu pai, em VHS, para ela (enquanto esteve doente em casa – com problemas na perna) e desta maneira aprendendo as mais gostosas receitas.
              Quando solteira, mamãe trabalhou como balconista e atendente, entre 1954 e 1958, numa loja de doces - “Confeitaria Hamburgo”, situado à Rua Farinha Filho e, posteriormente, à Avenida Alberto Braune, já então com o nome de “Danúbio Azul”; pertencia ao Sr. Henry Moryc e sua esposa Lydia Therezinha Capossi. Mamãe sempre ajudou minha avó. Trabalhou 26 anos como inspetora de disciplina no Colégio Profa Odette Penna Muniz. Todos os professores, diretores e vários alunos gostavam muito dela; sempre manteve a ordem e o respeito na escola onde trabalhávamos juntos (eu era o prof. de ciências desta escola); minha mãe aliás, era a única que conseguia manter a ordem e organizar a escola segundo a opinião dos professores (às vezes só com o olhar dela – lindos olhos verdes!).
         Logicamente como toda mãe, sempre organizou minhas roupas desde pequeno, me penteava e passava “gumex” no meu “topete” antes de sair e ir para a escola (fez o mesmo em 2007, 2008 e 2009 com o seu neto – João Vicente Teixeira Guerra – e este além de vaidoso e perfumado, gostava do que sua avó Adair fazia!) e me levava e apanhava lá, todos os dias. Quando saía do colégio, às vezes ela me levava à Padaria do Melinho, para comer um super roscão “corujão” da época; às vezes me comprava “japonês” (um biscoito tipo casquinha de sorvete, na porta do colégio Anchieta); de vez em quando passávamos pela Rua Alberto Braune, numa pastelaria e tomávamos um suco de coco, quando não comíamos “churros”.
Incrível que nesta época mamãe e eu éramos “magros”!!! Depois é que engordamos muitos anos à frente (?!).
         Mamãe nos deu um grande susto em 23/6/2008, depois de uma forte dor de cabeça e duas fisgadas posteriores a esta cefaleia, foi socorrida inicialmente por minha esposa Rejane, que chegou primeiro lá na casa dela, seguida por mim, onde acionamos uma ambulância, levando-a para Unimed ao encontro de minha irmã (Beatriz, que estava de plantão neste hospital...), onde foi detectada um aneurisma de grande risco, transferindo-a no mesmo dia para outra cidade - Itaperuna – RJ, com maior recurso, onde conseguimos salvá-la, no Hospital São José do Avaí. Fizeram uma cirurgia inicial da carótida externa esquerda (aproximadamente 3 horas), dias depois duas intervenções em tentativa de embolização do aneurisma cerebral; por mais de 21 dias internada no HSJA, deprimida, tentando sobreviver e conseguiu, graças a Deus, a equipe excelente de médicos e enfermeiros do HSJA (dos quais muitos se tronaram amigos dela e de mim que fiquei maior parte do tempo lá no hospital de Itaperuna com ela, nos finais de semana Bia também ia para lá, Rejane também nos acompanhou e dormiu no hospital, para eu descansar num hotel, e posteriormente também o Vicente que lá esteve por três dias também alternando comigo). Foi um grande desgaste emocional para todos nós, sendo que papai foi quem mais decaiu com o fato, e o pequeno João Vicente (com 4 anos) sentiu bastante a ausência da avó ao seu lado diariamente. Mamãe sobreviveu por mais um ano. Quando papai quebrou o fêmur, foi operado e passou por maus momentos, mamãe começou a decair, mas não o largava um só instante, cozinhando, dando-lhe remédios, etc... por mais de vinte dias sofrendo internamente, nos omitiu uma hérnia que encarcerou e a levou a óbito em 16/7/2009 por volta das 7 horas da manhã, no CTI da Unimed de Friburgo, após uma semana de sofrimento pós cirúrgico, anúrica e ligadas a aparelhos. Não resistiu. Seu amor por meu pai (nos seus 50 anos de casada) foi mais forte, ela vendo-o sofrer, se entregou literalmente para partir antes dele. Duro golpe para todos nós!!!  
              Durante vários anos papai ensinou mamãe a nadar (em Rio das Ostras -RJ) mas ela só o fazia (tipo “cachorrinho”) com auxílio dele, e muito na beira da praia (são momentos legais!!!). Mamãe melhorou bem seu “astral” com a chegada do neto João Vicente, onde ela era a avó coruja, cuidava dele como filho, alimentava-o, dava banho, etc...até os cinco anos dele.
              Minha querida irmã Beatriz tem quase tudo herdado de papai: altura, tipo, personalidade (um dos motivos por me orgulhar dela); nos relacionamos muito bem, apesar da diferença de idade entre nós e dela às vezes ter pouca paciência comigo (fato que se acentuou muito após a morte de mamãe); nos amamos muito e temos grande respeito um pelo outro. Sempre me ajuda quando pode, mostrou-me ser bem mais forte do que eu imaginava, na ocasião do aneurisma de mamãe (citado anteriormente) e durante seu sofrimento em Julho de 2009, acompanhando-a durante os sete dias de UTI que mamãe teve de aguentar.
               Seu nome - Beatriz foi escolhido por mim, numa oportunidade dada por minha avó Eurísia de “escolher um nome caso eu ganhasse uma irmã”. Isto quando minha mãe foi para o hospital e fiquei em casa ansioso com minha avó, aguardando notícias do nascimento; além da escolha do primeiro nome (minha avó escolheu o segundo – Maria); por isso Beatriz Maria. Por ser menor de idade na época, eu tive licença especial do Monsenhor José Antônio Teixeira (mesmas iniciais do meu nome JAT) para ser padrinho de minha irmã, fato que se repetiu em seu casamento em 11/3/2000; novamente fui seu padrinho.
               Bia é uma pessoa muito legal! Tem várias amigas de infância que até hoje, gostam muito dela. Sempre batalhadora e corajosa, principalmente quando teve de nos deixar aqui em Friburgo, para praticamente só, concluir sua faculdade de Obstetrícia e Enfermagem na UFF de Niterói – RJ. Morou também no Rio de Janeiro e fez estágio em Tanguá - RJ. Por lá sofreu de enxaquecas, assaltos, solidão, tédio e angústias, fatos que fizeram dela vitoriosa, valente e humilde como seu pai. Bia foi supervisora do Hospital Santa Lúcia – NF; Enfermeira-Chefe por vários anos do Hospital São Lucas – NF; trabalhou no SASE-NF e no Hospital Unimed – NF até dezembro de 2014. Atualmente trabalha na Maternidade de Nova Friburgo e ministra cursos por contra própria. Bia hoje casada com Vicente Paula Guerra e seu filho João Vicente, rezam diariamente (à noite) fato que relembra também o nosso pai, que fazia o mesmo. Tenho um enorme orgulho da Bia, do meu cunhado Vicente e do meu sobrinho e afilhado João Vicente; de Maria Adair e de Waldemar; de minha esposa Rejane: são heróis de minha vida; são as razões do meu viver. A eles devo o que sou; obrigado sempre! A vocês dedico minha vida e estes relatos feitos aqui. Minha irmã, minha mãe e meu pai, meu cunhado Vicente, minha esposa Rejane e meu sobrinho e afilhado João Vicente. Amo vocês sempre!!! Um beijão para vocês!!!